segunda-feira, 15 de março de 2021

Onde está o Brian?

Hora de responder uma pergunta: Onde está o Brian?
Há mais ou menos quatro anos que o mesmo não faz mais nenhuma publicação nesta plataforma, que foi a principal válvula de escape dele por seis anos (entre 2011 e 2017), onde o mesmo praticamente fazia sinceros relatos da sua vida, sendo praticamente um diário.
Mas, o que aconteceu para ele ter simplesmente ter abandonado o blog dele sem mais nem menos, e sem nenhum aviso prévio?
É simples, a vida aconteceu!
Brian iniciou esse blog quando ele tinha 16 anos, e sua última postagem foi feita aos 22 anos (ou seja atualmente ele está com 26), e certamente, com o crescimento vem as responsabilidades e outras prioridades, com isso, o blog foi ficando de lado e acabou sendo esquecido.
Mas, como está a vida dele agora?
Mesmo não escrevendo mais no blog, o Brian não abandonou a escrita. A começar porque ele se formou em jornalismo, ou seja, a escrita virou um meio de vida para ele, sendo que agora não mais em um teor literário, e sim jornalístico e informativo. Mas, isso também não significa que ele abandonou a escrita literária.
Em paralelo, Brian decidiu usar sua aptidão para escrever para também criar as próprias histórias, dessa vez sendo as mesmas sem nenhuma ligação com a sua vida pessoal, e tendo inclusive um teor mais adulto nas mesmas.
De uns tempos para cá ele tem criado algumas, e tem as publicados por aí, inclusive, você pode ate acabar esbarrando com uma delas sem se dar conta...

domingo, 21 de maio de 2017

O que você faria em uma situação dessas?

Sumi, eu sei, provavelmente vocês estão se perguntando como anda minha vida atualmente, e por isso darei um breve resumo do que tem ocorrido.
Estou no meu último período da faculdade, com o TCC a todo vapor, estagiando de segunda a sábado e estando prestes a ser efetivado como funcionário assim que eu concluir a universidade, ou seja, minha vida está uma bela de uma correria a ponto que não tem me sobrado tempo pra fazer outras coisas, até porque ultimamente quando chego em casa ou estou fazendo minhas obrigações ou estou dormindo por conta do cansativo dia. Mas enfim, vamos ao que interessa, porque esse não é o foco da nossa história de hoje.
Hoje irei conta sobre uma situação bem peculiar e chata, que dessa vez não ocorreu comigo, e sim com um amigo meu.
Tudo começou em um dia em que cheguei na faculdade para mais um daqueles dias em que ficaria horas esperando pela aula que só começaria la pelas quatro da tarde (meu horário estava completamente uma loucura), e como eu ia para lá direto do estágio então não tinha lá muitas opções que não fosse ficar esperando esse tempo todo, e para piorar, naquele dia em específico não iria aparecer nenhum amigo meu para me fazer companhia (nem mesmo Marina). Com isso, o máximo que poderia fazer seria ir para a biblioteca e tentar adiantar os meus trabalhos.
Então, me dirigi até a biblioteca, mas quando estava chegando perto da sua entrada, me deparei com uma pessoa com quem não tinha conversas há um bom tempo, era o meu amigo Roger, que estudou comigo no colégio em que passei os quatro piores anos da minha vida, um dos poucos amigos que eu tinha lá.
- Roger! - chamei
Ele se assustou, mas depois que me viu, respondeu:
- Fala Brian!
- Nossa cara, quanto tempo... - falei apertando sua mão
- Pois é, cara!
- Tas fazendo o que por aqui?
Roger também estuda na Federal, mas no eles faz direito pela manhã, até certa época do curso a gente ainda se esbarrava muito pelo campus na hora em que ele saia e que eu chegava, mas o cotidiano fez com que esses encontros diminuíssem aos poucos, até chegar ao ponto em que pararam de ocorrer.
- Estudando para a OAB, a prova é em dois meses e falta menos de um ano para eu me formar, ai sabe como é, quero ver se já me formo tendo sido aprovado.
- Entendo... - respondi
- E você? - perguntou Roger
- Bom, cheguei cedo pra caramba e minha aula só começa lá pras quatro horas, aí estou em um momento de ócio procurando alguma coisa para fazer.
- Caramba, porque chegasse tão cedo?
- É porque eu vim direto do estágio, e se eu voltasse para casa não sairia mais, vá por mim, isso sem falar que passagem ta cara.
Roger não parecia ter engolido a minha "desculpa", mas não chegou a questionar.
- Entendi... - falou ele.
Depois de um segundo com os dois em silêncio, perguntei:
- E aí, como ta a vida?
- Rapaz, é melhor a gente sentar que a conversa vai ser um pouco longa...
Então nos sentamos em um banco que tinha ali por perto e assim ele começou a me atualizar sobre o que estava acontecendo na vida desde a última vez que tínhamos nos visto (o que já faz um tempo).
No geral, as principais novidades dele foi que ele finalmente conseguiu ter um namoro e que durou até por um bom tempo, uns cinco meses, e que tinha acabado recentemente, e também ele teve uns três estágios nesse "meio tempo" e agora estava em seu quarto em uma importante firma do Recife. E claro, também aproveitei para atualiza-lo de tudo que tem ocorrido na minha vida, desde as idas e vindas do amor que tenho passado nos últimos anos até a minha vida profissional, além de mais diversos outros assuntos.
Nesse meio tempo de conversa, houve um momento que Roger lembrou de uma situação em que tentei ajuda-lo quando ele queria se declarar para uma menina em churrasco, mas a mesma não o levou a sério achando que ele estava se declarando porque estava bêbado, e claro, rimos juntos disso. Mas foi depois disso que ele falou:
- Cara, falando nisso, deixa eu te contar uma outra situação que estou passando no momento que é mais chata que essa.
- Manda! - falei
Roger respirou fundo, e falou:
- Vou te contar, e ai tu me responde o que você faria se estivesse no meu lugar, beleza?
- Ok.
Então ele começou:
- É o seguinte, há uma garota...
"Como eu imaginei que envolvia uma garota?" pensei comigo mesmo.
-...que conheci na festa de uma amiga minha lá da sala, e tipo, ela além de linda é muito fofa, simpática, engraçada, e...
- E você quer tentar algo com ela... - falei o interrompendo - vamos pular esses mínimos detalhes e me diga qual está sendo a bronca.
- É, por aí... - falou ele um pouco sem graça - bom, acontece o seguinte, recentemente falei com essa minha amiga e estava prestes a falar desse meu interesse na amiga dela, mas antes que eu conseguisse ao menos mencionar isso, ela falou pra mim que um amigo nosso, que por sinal é muito próximo a mim, já estava tentando algo com essa garota.
- Viiiiiish... - reagi - isso definitivamente não é legal.
Logo após falei:
- Mas tu chegou a falar pra essa sua amiga sobre o seu interesse na garota?
- Claro que não, aliás, você está sendo a primeira pessoa a saber disso.
Achava incrível isso, fazia um tempo da porra que a gente não se falava, mas ainda assim a gente conseguia conversar como se estivéssemos mantendo contato por todo esse tempo.
- Entendo... - respondi - mas o quão próximo você e esse cara são?
- Próximo do tipo que quase todo fim de semana a gente faz rolê junto com o pessoal... - falou Roger - ou seja, bastante.
- É complicado.
- Não me diga.
Respirei fundo, e falei:
- Então, o que você pretende fazer?
- É por isso que eu quero a sua opinião, porque eu não faço a menor ideia de como agir.
Que responsabilidade o maldito tinha me jogado naquele momento.
- Bom... - comecei a falar - antes de tudo, você pretende contar para o seu amigo sobre essa situação?
- Claro que não! - respondeu ele
- Então você provavelmente não vai gostar da resposta que tenho para lhe dar.
- Apenas fale!
Respirei fundo, e falei:
- É o seguinte, para que essa história termine sem nenhum "ferido", será necessário que um dos dois recue por livre e espontânea vontade.
Roger ficou alguns segundos processando a informação, até que finalmente falou:
- Pera aí, tas dizendo que eu devo recuar?
- Eu disse que essa é a solução, e que eu no seu lugar faria isso por mais que me doesse, mas você é um cara livre para fazer o que bem entender, estou dando apenas uma sugestão.
Ainda assim o coitado do Roger ainda ficou refletindo sobre aquela informação.
- De uma escala de zero a dez, como você define o seu sentimento por aquela garota? - perguntei
Ele pensou um pouco e respondeu:
- Coloque uns dois e meio, ainda é basicamente atração.
- Mais uma razão para ouvir que eu to dizendo, aproveita que o sentimento ainda está em um nível baixo, que aí o dano emocional não será forte.
Mas parecia que isso não o tinha convencido ainda.
- É complicado, eu sei, mas ou é isso ou passarás por um conflito bem complicado.
- Mas e se eu tentar conversar com ele sobre isso?
- Cara, sério, o melhor é que ele não saiba, porque senão vai ficar um clima chato entre vocês dois.
Roger continuava pensativo.
- Eu sei que essa decisão pode ser das mais justas... - falei - mas se tem uma coisa que tenho aprendido ultimamente é que o mundo em si não é justo e infelizmente não há nada que possamos fazer em relação a isso.
A reação de Roger continuava a mesma.
"Pobre desiludido" pensei.
- Pense bem sobre isso e tome a decisão mais sábia. - falei
- Ok então. - respondeu ele um pouco cabisbaixo, chega estava dando pena do pobre coitado.
Então Roger olhou para o relógio, e disse:
- Eita, melhor eu ir agora, tenho uns trabalhos para resolver em casa.
- Beleza então. - falei
- Falou bicho, valeu aí pela conversa e até a próxima.
- Falou, e pense bem no que eu disse.
- Tenha certeza que farei isso.
Dei uma risada falsa, a cara de Roger ainda expressava aquele ar de decepção.
- Até a próxima. - falei para ele, e assim seguimos nossos caminhos.
Enquanto Roger seguiu o caminho até a sua parada de ônibus para ir pra sua casa, eu voltei a ir em direção da biblioteca para fazer os meus trabalhos.
Fiquei pensando na situação que o coitado tinha me contado, e fiquei com pena dele principalmente por conta da forma que reagiu após eu ter dado a minha opinião, mas infelizmente aquela era a única forma dessa história ter um final em que não terminasse com pessoas "feridas".
No que deu isso tudo no fim das contas? Ainda não sei, provavelmente saberei na próxima vez em que eu vê-lo, o que pode demorar um pouco para ocorrer.

Brian

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Estado violência

Hoje o assunto será um pouco sério, e será sobre algo que acho que nem eu e nem ninguém queria ter que falar sobre, mas é aquilo, a vida ta nem aí para o que você acha das coisas e simplesmente as faz acontecer você querendo ou não, sejam essas coisas boas ou ruins.
Que vivemos atualmente tempos de crise isso não é novidade para seu ninguém, mas mesmo assim, há coisas que precisam ser faladas, mesmo que soe redundante em alguns casos. E quando falo "crise", não me refiro apenas a parte financeira, isso porque consequentemente todo o resto acaba sendo afetado também.
Mas chegando finalmente ao ponto. Se tem uma coisa que tem me preocupado tanto quanto a crise financeira (ou até mais) é a crise que o estado de Pernambuco atualmente vive na questão da segurança pública, porque sinceramente, moro aqui desde que nasci, e nesses meus 22 anos nunca vi a segurança em situação pior do que a que estar hoje, e não falo isso apenas como um mero observador, e sim como uma vítima recente da violência urbana.
O fato relatado ocorreu há quase três meses atrás, mas desde então as lembranças dele me assombra quase que todos os dias. Estava eu indo para aquele que deveria ter sido apenas mais um dia normal de trabalho no estágio, desci do ônibus em que estava já pronto para uma "leve" caminhada até o prédio onde a empresa fica.
Caminhada essa que passa por uma avenida muito esquisita (principalmente as cinco da manhã, horário em que ocorreu o fato relatado) chamada Avenida Guararapes. Tinha descido exatamente no início dela (que já não tem um cenário muito amigável àquela hora) e tinha que atravessar a chamada Praça do Diário para depois atravessar a Ponte Maurício de Nassau para chegar no meu destino, e foi aí que a merda aconteceu.
Tudo aconteceu muito rápido, estava na calçada andando normalmente, e ao meu redor já haviam algumas pessoas circulando pelo local, entre elas haviam tanto aqueles que nem eu, estavam indo para os seus respectivos trabalhos (fosse andando ou esperando o ônibus passar), alguns ambulantes que já iniciavam a sua batalha do dia e os moradores de rua (que havia aos montes por ali).
Logo a frente, junto a alguns ambulantes, se encontrava um homem, que aparentemente tinha a idade do meu pai, usando uma jaqueta e bermuda. De início não o achei suspeito, pois achava que ele era apenas mais um dos tantos ambulantes que trabalhavam ali, isso sem falar que do jeito que o cidadão estava, aparentava que apenas esperava o ônibus.
Bastou passar do lado dele para eu ver que estava enganado, pois quando me aproximei, ele primeiro fingiu que ia ser retirar do local, pra depois rapidamente me agarrar pelo braço, tirar uma faca de cozinha de dentro da sua jaqueta e anunciar o assalto.
A ação durou menos que 5 minutos, ele levou apenas meu celular (que felizmente, era o único objeto de valor que tinha comigo), depois me revistou para ver se eu não estava escondendo nada dentro da calça e depois me liberou, e ainda bem, sem me fazer nenhum mal (pelo menos fisicamente).
Quando o filho da puta finalmente me liberou, meu único pensamento era sair daquele local o mais rápido possível, então acelerei o passo em direção ao meu destino e não olhei para trás em nenhum momento.
A ficha do que tinha acontecido só caiu quando cheguei no trabalho, eu estava em estado de choque e com o coração tão acelerado que parecia que ele iria sair pela minha boca a qualquer momento. Claro, primeira coisa que fiz quando cheguei foi relatar aos meus colegas o assalto, e certamente, todos ficaram chocados também, um deles me emprestou o celular para que eu pudesse comunicar a minha família do ocorrido e pedir para que eles bloqueassem o meu aparelho e o meu número.
O pessoal, vendo o meu estado psicológico que estava o pior de todos, me disseram se caso eu quisesse ir para casa me recuperar do choque e não trabalhar no dia, eles davam conta da minha demanda, mas eu recusei, porque afinal, o mundo não iria parar de girar por minha conta.
Se antes disso eu já andava nas ruas com medo, agora que simplesmente não tenho mais paz, desde então ir até o estágio é um desafio para mim, toda vez que coloco o pé pra fora de casa às 5 da manhã me sobe aquele maldito medo que aquilo aconteça de novo, sempre que passo pelo local onde aconteceu (que evito passar a pé desde então) me passa um filme na cabeça, me fazendo relembrar cada momento tenso que aquele filho de uma puta me fez passar..
Mas aí você me pergunta: "O assalto te fez ficar tão traumatizado a esse ponto?"
Então lhe respondo: Sim, mas não apenas isso, outros fatores também tem contribuído.
Esses fatores são as notícias as quais acompanho todos os dias, pois, meu trabalho atualmente é fazer clipagem das notícias que ouço na rádio, e um tipo de notícia que normalmente tenho que pegar são as policiais, e por isso, fico sabendo diariamente de todas as desgraças que acontecem no estado.
E o mais assustador é que essas são as notícias que saem em maior número, isso sem falar que todos os dias a rádio faz um balanço no número de assaltos a ônibus que ocorrem nas últimas 24 horas, e acreditem se quiser, não há um dia que passe em branco, e sempre são no minimo 5 por dia. E pra piorar, muitos desses assaltos normalmente ocorrem várias vezes nas mesmas localidades, ainda assim parece que isso não é o suficiente para que a polícia aumente a fiscalização nesses locais, coisa que ninguém entende. E para nós, só resta torcer para que não sejamos os infelizes "sorteados" em próximas ações desses bandidos.
E acha que acaba por aqui? Nada disso.
Outro problema que tem ocorrido com frequência são os ataques de quadrilhas contra agências bancárias, mas em específicos aos caixas eletrônicos, sejam eles dentro das agências ou aqueles soltos que há nos estabelecimentos comerciais. A coisa está no ponto que praticamente todos os dias está havendo uma ação do tipo no estado, seja na capital ou no interior, enquanto os pobres dos bancários, muitos estão pedindo afastamento do serviço por conta do medo de serem as próximas vítimas.
E ao que parece, não há um serviço de inteligência no estado competente o suficiente para que a polícia possa ficar um passo a frente desses bandidos, e só para piorar um pouco mais, a própria polícia se ver incapacitada em enfrentar esses marginais por conta do forte poder de fogo que esses malditos tem, ou seja, fica impossível pros policiais enfrentarem caras armados com fuzis se utilizando de meras pistolas.
No geral, como muitos tem dito, a estado ta entregue as baratas.
Além disso tudo que falei aqui, outra coisa que passei a ver constantemente são meus amigos nas redes sociais relatando assaltos sofridos por eles, isso sem falar em assaltos a estabelecimentos comerciais, como lojas, restaurantes, padarias, e por ai vai.
Por isso, posso dizer que meu sentimento atual é o mesmo compartilhado por boa parte da população pernambucana, não estamos nos sentindo seguro nem mesmo nos locais que deveriam ser teoricamente seguros, eu mesmo, juro que só falta acabar tendo im ataque no meio da rua de tão tenso que estou andando, tipo, toda vez que avisto um sujeito com um ar mais suspeito na calçado já fico com o "cu na mão", chegando até mesmo a fazer o percurso mais longo pra não ter que passar por eles,. No ônibus de manhã cedo, a cada parada que ele faz já fica um clima de tensão no veículo para ver quem era que tava subindo.
No fim, tudo que nos resta é continuar tocando a vida em frente, porque afinal, o que mais podemos fazer que não seja isso?


Brian

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Uma simples troca de olhares na biblioteca

Antes de começarmos, só para deixar claro, o ocorrido que relatarei a seguir ocorreu há uns 6 meses atrás, ou seja, muito antes daquela festa em que eu e Marina finalmente conversamos pela primeira vez, ou seja, foi uma coisa que ocorreu já faz um tempo, mas só agora decidi falar aqui sobre isso.
Por que desse aviso? vocês vão entender daqui a pouco, mas por agora, é tudo que precisam saber. Mas enfim, comecemos...
Aquela era mais uma semana de provas, e eu, pra variar, tinha acumulado matéria pra cacete e estava desesperado tentando me organizar nos poucos dias que restavam para conseguir estudar pelo menos a maioria do assunto que iriam cair nas provas. E se tem uma coisa que sempre tive problema nessas horas era conseguir me concentrar para estudar em casa, por isso, quando chegava esses períodos de prova eu preferia ficar até tarde na faculdade estudando na biblioteca, pois lá haveriam menos coisas para me distrair do que teriam em casa, e isso já me ajudava muito.
E também pra conseguir dar conta de tudo, precisei deixar algumas disciplinas pra fazer na segunda chamada, enfim, coisas de universitário, muitos de vocês devem me entender bem.
A situação em questão era a véspera da minha prova de jornalismo opinativo, que era uma disciplina a qual eu estava com uma pulga atrás da orelha em relação ao meu rendimento, pois a professora tinha passado um enorme livro para a gente ler e eu não tinha lido nem um terço dele, então, tentava me virar o máximo possível com resumos feitos por terceiros.
Como de praxe, após a aula terminar naquele dia, eu jantei em uma das lanchonetes que tem nos arredores da faculdade e depois me dirigi para a biblioteca para tentar estudar.
Como grande parte do material estava na internet, fui estudar na sala de informática da biblioteca, e por sorte consegui um lugar vago, já que normalmente (principalmente em época de prova) aquilo ali está sempre cheio. Me sentei, abri o arquivo no computador e comecei a estudar sobre os tipos existentes de jornalismo opinativo.
De início, pequenas coisas conseguiam desviar minha atenção, mas aos poucos eu conseguia fazer o assunto fluir em minha cabeça, por isso que pra mim era indispensável fazer anotações ao longo que lia o assunto, isso ajudava a me manter focado e a absorver o conteúdo.
Mas indo finalmente pro ponto principal da história antes que vocês fiquem entediado (rs).
A área de informática da biblioteca é dividida em quatro salas, onde em cada há em certa de 15 computadores cada divididos em baias, e as salas são todas separadas por paredes com vidraças onde dava pra bater olhares tranquilamente com a pessoa que estava na baia a sua frente. Porque essas informações são relevantes? Vocês vão entender agora.
Passado alguns minutos, o cara que estudava na baia em frente a minha saiu, coisa que de início seria irrelevante para mim, se não fosse pelo fato que a pessoa que veio ocupa-la uns 5 minutos era ninguém mais, ninguém menos do que Marina, a garota das mechas azuis.
Naquela época, como já avisei no início desse texto, a gente nem sequer tinha tido uma conversa de forma direta, e eu ainda estava na minha "paixão platônica" por ela, apenas admirando a sua beleza de longe.
Quando ela se sentou na baiar, tentei agir normalmente, por mais que isso fosse um pouco complicado pra mim naquele momento. Não cheguei a ficar nervoso a ponto de ficar tremendo, mas quem olhasse pra mim naquela hora iria perceber uma certa "agitação" minha.
Mas de qualquer forma, tentei esquecer isso e voltar a focar nos meus estudos, afinal, aquilo não mudava o fato que eu teria uma prova difícil pra fazer no dia seguinte. Por um instante até que funcionou, voltei a fazer minha anotações e me foquei mais no assunto, mas havia momentos que era inevitável olhar pra ela, afinal, como ela é linda.
Ao que parecia ela estava tão concentrada no que estava fazendo que nem sequer reparava em mim olhando pra ela, e era bom que permanecesse assim, afinal, o que a coitada pensaria se visse um cara em frente a ela a observando fixamente? Por isso, evitei ficar encarando muito, simplesmente dava uma espiada ou outra e voltava a me concentrar no meu caderno (ou tentar).
Estava mais uma vez fazendo minhas anotações, até que a minha visão periférica acabou captando algo que eu supunha que era a própria Marina olhando para mim, cheguei a olhar rapidamente para confirmar se era isso mesmo ou se eu estava apenas delirando, ao que parecia era a segunda opção mesmo.
Sendo assim, tentei ficar de boas, e falei pra mim mesmo: "Se concentra no assunto, porra".
E assim mais uma vez tentei me focar, mas já estava complicado, porque se qualquer merda costuma de distrair fácil, imagina aquela situação em que eu tinha a impressão que Marina estava olhando pra mim?
E era constante essa sensação, eu evitava olhar muito para não ficar parecendo estranho, mas a vontade de checar me matava por dentro, e por um bom tempo fiquei nessa frescura, entre uma espiadinha ou outra olhava para Marina e tinha aquela sensação de que ela fazia o mesmo comigo, o que na minha cabeça não fazia sentido nenhum.
"Você ta ficando é doido, Brian, isso sim!" pensei comigo mesmo.
"Se concentra nessa merda, senão você vai ta fodido na prova de amanhã" falava pra mim mesmo.
Por alguns minutos isso deu certo, conseguir me focar em saber as principais características de uma resenha e a sua diferença para uma crítica.
Mas mesmo assim, vez ou outra eu dava uma espiada de leve em Marina na esperança que a gente fosse cruzar os olhares, nas vezes em que fiz isso, ela aparentava estar realmente concentrada em seja lá o que estivesse fazendo. Com isso, fiquei menos "alvoroçado" do que estava antes, tanto que consegui estudar melhor.
E assim minutos se passaram, o assunto fluía em minha mente e ficamos os dois cada um cuidando dos seus afazeres.
Até que chegamos em um momento estranho, onde estava finalizando minhas anotações sobre as características de uma resenha e de um texto crítico, quando resolvi dar uma olhada pra frente simplesmente para dar uma respirada, e me deparei com a Marina olhando para mim (e dessa vez eu falo sério). Claro, quando ela percebeu que eu tinha reparado nisso, tentou disfarçar voltou a olhar para o computador, fingi que nada havia acontecido, mas por dentro ri um pouco disso.
No fundo, eu sabia que aquilo poderia significar algo, mas achei melhor deixar quieto mesmo, não estava afim de ficar me remoendo apenas por causa de possibilidades que provavelmente seriam coisas que apenas a minha cabeça inventava, então simplesmente voltei a estudar.
Não vou mentir que criei alguma expectativa e que fiquei pensando nas possibilidades do porquê que ela estava olhando para mim naquele momento, mas como disse anteriormente, evitava ficar pensando muito nisso pra não acabar ficando com as minhas paranoias de sempre.
Mas quem disse que era fácil esquecer isso? Ainda mais sendo eu?
Tanto que acabei voltando a dar aquelas olhadas de leva nela, como se esperasse que nossos olhares cruzassem de novo, o que acabou ocorrendo, mas dessa vez a iniciativa foi minha. Estava a olhando mais uma vez abobado, reparando nas feições de seu belo rosto, até que percebi os olhos dela se direcionarem a mim. Rapidamente, voltei a minha atenção ao meu caderno e fiz de conta que nada havia ocorrido, e claro, não faço a menor ideia de qual foi a reação dela, estava constrangido demais para tentar reparar isso. Após isso que não tive mais coragem de dar mais nenhuma "espiadinha", fazendo com que eu me focasse cem por cento agora no conteúdo.
Depois de alguns minutos sem nenhuma "ocorrência" e mais 9 parágrafos de um texto chato pra caramba, ao que parecia, Marina tinha terminado o que ela tinha ido fazer ali e se levantou da baia, um fato que de início não teria nada de demais, se não fosse pelo fato que mais uma vez nossos olhares se cruzaram, e dessa vez ela claramente sorriu pra mim. Involuntariamente, retribuí o sorrido e a vi indo embora, mas apenas depois tinha me caído a ficha do que tinha acabado de acontecer ali.
Uma sensação boa, misturada com uma estranha pra caramba me subiu a mente e fiquei quase 15 minutos pensando naquilo, ou seja, foi inevitável que minha cabeça começasse a criar teoria malucas. Depois disso, simplesmente não conseguia mais estudar, tanto que decidi parar ali mesmo e arriscar fazer a prova com aquilo que tinha conseguido estudar. E como vocês podem imaginar, o ocorrido ficou em minha mente por um bom tempo, e passei a olhar pra Marina com outros olhos quando a gente se cruzava após isso tudo, com os olhos de alguém que esperava ser surpreendido a qualquer momento com algum outro gesto do tipo.
E o resto dessa história, vocês que acompanham meus textos periodicamente devem saber muito bem (rs).


Brian

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Os dramas de ter vinte e poucos anos

Para os que não sabem, exatamente hoje estou completando 22 anos, uma idade que sinceramente não simboliza nada, não é como os 18 em que você atinge a maior idade, ou os 20 que você chega a duas décadas da sua vida, mas enfim.
Nesse ano, a única coisa que foi diferente do aniversário do ano passado é o fato que estou estagiando atualmente em uma assessoria de imprensa (depois de 3 anos e meio de procura), e isso já fazia uns 3 meses mais ou menos.
Bom, de qualquer forma não vou ficar me aprofundando muito nessa parte para a história não ficar muita chata e cansativa, tudo que vocês precisam saber é que eu faço clipagem por lá (rs).
Mas indo ao ponto, naquele dia a única coisa que tive até aquele momento fora do "usual" foi uma pequena festa surpresa que o pessoal do escritório tinha feito para mim, com direito a um bolo de chocolate, claro. Isso sem falar em todas as felicitações que recebi de amigos e familiares ao longo do dia.
E claro, houve uma em específico que fiz questão de guardar bem na memória, que foi a de Marina que foi uma das mais fofas que recebi em todo o dia, mas isso não vem ao caso agora (rs).
Eram 12:30 quando finalmente larguei do estágio e fui em caminho da faculdade, almocei rapidamente (como o usual), me despedi de todos e fui em direção ao elevador. Como o prédio em questão tem apenas três andares (e eu me encontrava no terceiro), o elevador não demorou muito para chegar.
Quando chegou eu logo entrei, apertei para que ele fosse para o térreo, e assim a máquina seguiu o caminho em que foi programada. Ela iria direto para o seu destino se caso uma pessoa no segundo andar não tivesse apertado o botando, fazendo com que a máquina parasse lá para busca-lo.
Quando o elevador parou, entrou nele um senhor que aparentava ter uns 50 anos, ele vestia uma camisa social aparentemente velha, uma calça jeans e um sapato social marrom, o cara entrou no elevador, me cumprimentou, eu respondi e o elevador seguiu seu curso.
Passaram-se poucos segundos de silêncio até o senhor em questão fazer o seguinte comentário:
- A vida é muito corrida, né?
Educadamente, respondi:
- É verdade. - e se tem alguém que sabia bem disso era eu.
- A pessoa normalmente passa mais tempo fora de casa do que em casa, sai de manhã cedo para trabalhar e só volta a noite.
- É, e praticamente não sobra tempo para viver. - comentei.
- É verdade, você só faz dormir quando chega em casa pra poder recomeçar a rotina no dia seguinte né? - disse ele rindo um pouco
- Pois é!
Pouco depois, o elevador finalmente tinha chegado no térreo, e assim, eu e o homem nos despedimos rapidamente e seguimos nossos caminhos.
Mas, acreditem se quiser, por mais simples que essa minha curta conversa com ele tenha sido, aquilo me fez refletir sobre uma coisa que vinha me assustando ao longo dos dias, que é o corre-corre da vida adulta.
Desde de antes de começar a trabalhar que percebi que o tempo passaria a valer ouro para mim e que a sensação de que teria era que o dia passava rápido e que eu necessitaria de mais do que 24 horas por dias e 7 dias por semana para conseguir fazer tudo aquilo que queria e precisava. Mas principalmente, percebi que isso era uma coisa que atingia boa parte dos meus amigos.
Começando com o fato que constantemente eu tentava chamar alguns deles para sair, mas em noventa por cento das vezes eles diziam que não podiam por conta de outras prioridades, e isso ficou tão frequente a ponto de eu acabar desistindo de chamar alguns deles por conta disso, porque a situação já estava ficando muito repetitiva e chata, ao mesmo tempo.
E isso foi só o primeiro ponto. Após eu começar a trabalhar isso se agravou mais, e dessa vez passei a sentir na pele isso que meus amigos estavam sentindo.
Para vocês entenderem bem a minha situação, meu expediente é das seis da manhã até meio-dia de segunda a sexta, isso sem falar nos sábado onde normalmente trabalho das oito até meio-dia, e normalmente largo do estágio direto para a faculdade, que era das uma da tarde até as seis e meia da noite, fazendo com que eu só chegasse em casa normalmente as sete.
No caso, quando eu chegasse em casa, como deveria aproveitar meu tempo livre? Estudando e fazendo os trabalhos das faculdade, certamente, mas, não era isso que ocorria.
Quer dizer, até tentava, mas o problema é que sempre havia algum momento em que eu iria deitar na cama pra descansar um pouco, sendo que, como normalmente tenho sempre chegado morto de cansado em casa (principalmente porque eu acordava as quatro e meia da manhã para poder chegar na hora no trabalho, pra só chegar em casa às sete da noite) toda vez que deito, acabo dormindo de vez e só acordando as quatro e pouca do dia seguinte, ou então no meio da noite para desligar tudo no meu quarto e voltar a dormir, fazendo com que eu não conseguisse fazer nem metade daquilo que precisava fazer. E claro, isso era uma merda pra mim.
Então o que acontecia? Precisava otimizar meu tempo o máximo possível, ou seja, tive que fazer o que meus amigos estavam fazendo comigo, que era recusar saídas para poder dar prioridades para as coisas da faculdade, e infelizmente, eram coisas pra cacete. Estava chegando no ponto que muitas vezes fiquei até tarde na biblioteca da faculdade estudando ou fazendo trabalho, porque se eu voltasse para casa não conseguiria fazer nada porque iria acabar caindo morto na cama.
E ainda tem esse detalhe, eu não consigo mais passar das nove da noite acordado, e mesmo nos meus dias de folga não consigo mais acordar depois de sete e meia, e em pensar que houve uma época da minha vida que dormir de meia-noite para mim era cedo e que só acordava depois das dez. E com isso, eu aparentava sempre estar cansado o dia inteiro.
No fim, minha maior agonia é a sensação de ter muita coisa para fazer e muito pouco tempo para fazê-las, e pior, parecia que ao longo que eu as fazia, elas só aumentavam.
Com isso, aos poucos me dava conta que finalmente tinha adentrado de vez na vida adulta, quer dizer, de vez não, em noventa por cento pelo menos, já que só adentraria nela por completo a partir do momento que começasse a pagar as contas de casa também, o que ainda vai demorar um pouco, mas que não deixa de ser uma realidade próxima.
E chegando aos meus 22 anos tenho me dado conta de que a vida se resumirá a isso daqui pra frente, você não terá mais tempo para viver e terá que se preocupar em apenas trabalhar e pagar as suas contas, e o resto que vier, é lucro.
Isso é uma coisa que me desanima bastante, porque a vida é bem mais do que isso, o problema é que o tempo passa e cada vez menos você terá tempo de aproveitá-la da melhor forma, ela acontecerá ao seu redor e você vai estar ocupado fazendo as suas obrigações, principalmente porque você estará fodido se deixar de fazê-las, porque afinal, o nome já diz, você é obrigado a fazer.
Isso faz qualquer pessoa ter saudade da sua infância, onde a sua maior preocupação era saber com qual brinquedo iria brincar naquele dia, o que me faz refletir sobre mais uma coisa: Em nenhum momento da sua vida você terá tudo, porque quando se é criança (e jovem também), você tem tempo, energia, mas não tem dinheiro; na fase adulta, você tem dinheiro e energia, mas não tem tempo; e quando idoso, você tem tempo e dinheiro, mas não tem energia. Ou seja, é impossível você ter as três coisas.
Com isso, muitas vezes a vontade que dar é de jogar tudo para o ar e não fazer mais nada, mas se caso você o fizer, a vida lhe castigará por isso em um futuro próximo.
E no meio desse caos mental todo, o que lhe sobra é apenas o desespero e a angustia por saber que você finalmente chegou de vez na vida adulta, que ela não é nem um pouco fácil e que ela sugará sua alma aos poucos ate não sobrar mais nada, é triste, mas é a verdade.
Se tem uma coisa que sempre achei é que os 20 e poucos anos é a idade em que a cabeça da pessoa está mais bagunçada, pois é quando a transação da adolescência para a vida adulta é finalmente finalizada e você passa a ser obrigado a encarar as coisas quem nem uma pessoa crescida pela primeira vez. Eu estou chegando ao meu vigésimo e segundo ano de vida e posso confirmar isso muito bem, aliás, não apenas eu, mas também um monte de outras pessoas que tem a minha idade e que estão passando por um momento parecido.
De qualquer forma, o que nos resta é simplesmente seguir de cabeça erguida e enfrentar isso de forma madura, assim como qualquer outro adulto faz, e tentar de tudo para que você chegue em uma situação em que sua cabeça não ficará tão cheia, mesmo que isso demore uma vida inteira para acontecer.


Brian

domingo, 9 de outubro de 2016

O dia que não foi do jeito que eu esperava

Vocês certamente devem se lembrar da Marina, certo? A garota de mechas azuis com quem me envolvi uma vez em uma festa? Pois bem, está na hora de contar para vocês mais um pouco da minha história com ela.
Claro, após aquela ótima noite, certamente passamos a nos falar mais na faculdade, acho que posso dizer que meio que viramos o que muitos chamam de "amigos com benefícios", o que eu preferia chamar de "lance".
No caso, em público nós apenas conversávamos normalmente na maioria das vezes, mas quando o pessoal não via, a gente aproveitava para ficar um pouco nos "amassos". Mas por enquanto, procurávamos não fazer muito alarde em relação a isso.
No geral, estávamos nos dando muito bem, com isso tudo passamos a nos conhecer melhor, e assim, que ela era muito mais do que uma linda garota com belas mechas azuis no cabelo, mas muito mais mesmo, ela era uma doçura de pessoa, isso sem falar que tínhamos tanta coisa em comum, principalmente os gostos musicais.
Mas mesmo tudo indo bem, ainda havia algumas dificuldades, que eram primeiramente o fato da gente só conseguir se falar na faculdade durante os intervalos das aulas, que normalmente duravam apenas 10 minutos, isso sem falar que na maioria das vezes eu largava mais tarde que ela e nem sempre ela podia me esperar. Ou seja, muitas vezes já ocorreu de nós dois irmos para a faculdade, mas não termos oportunidade para se ver.
E outra coisa que me atrapalhava muito, era quando ela estava junto com o pessoal dela, isso porque como vocês bem sabem, eu tenho um problema muito grande de timidez, e como não conheço ninguém da turma da sala dela, fico muito acanhado para ir falar com Marina quando ela está com eles, só conseguindo dar um aceno na maioria das vezes. Isso me frustrava bastante, porque me doía passar um dia todo sem falar com ela, e isso frustava Marina também.
Mas, fato é que queríamos mesmo é ter um bom tempo sozinhos, e vocês imaginam para que, mas raramente acontecia, e da mesma forma sempre tentávamos marcar para fazer algo, mas uma coisa que atrapalhava é que Marina era bastante ocupada nos fim de semanas. Mas por incrível que pareça, isso não nos desanimava.
Era complicado, mas também não era impossível, No fim, sempre conseguíamos dar o nosso jeito, mesmo que a gente ficasse a sós apenas por alguns minutos do dia, isso para nós já valia de alguma coisa.
Houve um dia que tivemos sorte, pois um professor dela tinha faltado e o me tinha liberado a minha sala para uma palestra que teve no dia que eu não estava nem um pouco interessado em ver, e claro, aproveitamos a oportunidade para se encontrar e ter um tempo apenas um com o outro.
Inicialmente, nos encontramos na frente do prédio onde ficam as nossas salas, quando isso ocorreu, fomos um pouco mais discretos, dando apenas um abraço um no outro, depois, quando nos afastamos um pouco do fluxo de pessoas e nos dirigimos para o gramado do campus, ficamos um pouco mais a vontade. E quando eu digo "a vontade", eu quero dizer que não esperamos muito tempo para começarmos a se beijar.
Já fazia um tempo que não conseguíamos todo aquele tempo para ficamos sozinhos, e foi bom também para por um pouco mais o papo em dia (mais do que conseguíamos fazer através das redes sociais normalmente), o que claro, foi uma maravilha para nós dois.
Enquanto conversávamos sobre as coisas do nosso cotidiano, aproveitei a chance para perguntar:
- Ei Marina!
- Diga.
- Me responde uma coisa...
- O que?
- Quando a gente vai sair juntos, finalmente?
Ela riu baixo, e disse:
- Logo, assim espero.
- O que impede de ser esse fim de semana? - Perguntei
- Bom... - começou ela - no sábado é o meu curso e minha ida para a casa da minha avó, e no domingo pode ser que der pra gente sair.
- Por que "pode ser"? - perguntei
- Porque talvez o pessoal lá da sala marque algo pra fazer. - falou ela parecendo um pouco receosa em falar aquilo pra mim.
- Ah... Ok... - falei um pouco decepcionado.
- Desculpa...
- Relaxa, Mari, precisa se desculpar por nada não, - falei a abraçando mais forte.
- É que você já sugeriu tanto da gente sair e toda vez tinha algo que me impedisse ou te impedisse, chega to me sentindo mal por não poder ir nesse fim de semana.
- Relaxa, fofa, não é culpa sua.
- Eu sei que não, mas me sinto assim da mesma forma.
Nesse momento, a abracei mais uma vez e dei um beijo no seu rosto, ela retribuiu, mas ainda com aquele ar de tristeza por causa do que tínhamos acabado de conversar. Com isso, após alguns segundos calados, ela simplesmente puxou meu rosto em sua direção e me deu um longo beijo, como se aquilo estivesse sendo uma forma dela me pedir desculpas.
Eu, claro, não reclamei (rs).
Depois de mais alguns minutos sem nenhum dos dois falarem nada, Marina falou:
- Mas, podemos fazer o seguinte...
- O que? - perguntei
- Você se incomodaria em sair comigo e o pessoal da minha sala?
- Err... não. - falei meio sem pensar direito.
- Ah, então se o pessoal marcar de sair no domingo, você iria comigo?
- Se eu não for nenhum incômodo...
- Ah, deixa disso, não seria incômodo nenhum, muito pelo contrário.
- Certeza?
- Claro, o pessoal vai gostar de você, e você, deles.
- Ok então, se você está dizendo, então eu acredito.
Ela deu uma leve risada eu falar aquilo e nos beijamos mais uma vez.
De início aquilo parecia uma boa ideia, mas daqui a pouco vocês vão ver que o resultado não foi lá muito bom no fim das contas, mas, para quem não tava conseguindo marcar nada com a garota com quem tinha um "lance", aquilo já era um bom começo.
Claro, fiquei satisfeito naquele momento por a gente ter chegado nesse consenso, mas, vocês verão agora qual foi o resultado disso.
No fim daquele mesmo dia, após termos ido para as nossas respectivas casas, Marina me confirmou pelo celular que os amigos dela confirmaram uma ida ao Parque Dona Lindu para simplesmente se juntarem, jogar conversa fora, e beber, claro.
Aproveitei e perguntei para ela se algum de opôs a minha ida com eles, e segundo Marina, eles disseram que eu estava mais do que bem-vindo para me juntar ao grupo, o que já me deixou satisfeito por um momento.
Passaram-se os dias, a rotina do cotidiano foi seguindo, até finalmente o domingo chegar. Vou confessar que estava feliz com aquilo, mas ao mesmo tempo estava inseguro, isso porque eu estaria em um local onde não conhecia basicamente ninguém, e normalmente quando isso ocorre o resultado é sempre o mesmo, que é eu ficar lá sentado com cara de tacho sem saber como interagir com o pessoal, mas, provavelmente Marina iria me ajudar com isso, pelo menos eu supunha.
O encontro estava marcado para as duas e meia tarde, e eu, com a minha pontualidade de britânico, saí as uma e meia da tarde de casa (também pelo fato que o parque era consideravelmente longe da minha casa), e com todo o percurso que durou em torno de meia hora, cheguei no local por volta das duas da tarde. Se alguém já tinha chegado antes de mim, não fazia a menor ideia, a única certeza que tinha era que Marina ainda ia sair de casa, o que já era a primeira coisa que deu errado naquele momento.
"Era pra eu ter esperado ela sair de casa antes de vir". Pensei
Mas já era tarde demais, o que me restava era pergunta pra ela quem seriam as pessoas que eu possivelmente encontraria por ali. Ela me falou alguns nomes e me mandou algumas fotos, o que já ajudava em algo, principalmente porque alguns eu via direto andando pela faculdade, mas também não era o suficiente, já que não teria coragem de chegar lá simplesmente me apresentando pra alguém com quem nunca troquei uma palavra antes.
Que foi exatamente o que aconteceu, andando pelo parque vi um dos cidadães que Marina me falou já no gramado do parque, lembro bem que o nome dele era Eduardo, mas quem disse que fui lá falar com ele? Preferi ficar sentando em um banco fazendo nada esperando o tempo passar, ou melhor, esperando Marina chegar.
Enquanto ela não chegava, vi o resto do pessoal chegando aos poucos, mas ainda assim preferi aguarda-la para tornar as coisas mais fáceis para mim, com isso, a minha impaciência só aumentava, me fazendo inclusive pensar em voltar para casa.
Após quarenta minutos desde a hora que cheguei, Marina finalmente chegou. Avistei logo próxima a entrada do estacionamento do parque, e quando a vi, fui em sua direção.
Quando nos aproximamos o suficiente, nos dermos um forte abraço e um rápido beijo, e então depois de usar a demora do ônibus como justificativa para o seu atraso (quando na verdade tinha sido a sua demora para se arrumar), ela me perguntou:
- O resto do pessoal já chegou?
- Sim! - respondi
- Então já os conheceu?
- Errr... Não exatamente...
- Como assim?
- É que... - não sabia como explicar aquilo - você sabe... é...
- Não me diga que ta com vergonha?
Apenas dei aquele olhar confirmando o que ela tinha acabado de me perguntar, e ela, claro, riu.
- Deixa de ser bobo. - disse Marina
- Eu juro que tento. - falei
- Vamos lá que eu te apresento pro pessoal.
- Ok então!
E assim, fomos até o pessoal, chegando lá, Marina primeiramente cumprimentou todo mundo que estava presente um por um (e eram uns sete, se não me engano) e depois me apresentou de uma forma geral para todo mundo. Gentilmente, cumprimentei todo mundo de forma geral, e da mesma forma, eles responderam ao meu cumprimento.
Após isso, todos nos sentamos na grama onde a conversa (que havia sido interrompida por causa de mim e de Marina) teve sua continuidade. E foi a partir daí, para mim, foi só ladeira abaixo, e vocês entenderão o porquê.
A coisa já começou exatamente do jeito que imaginava, com todo mundo conversando normalmente e eu ali sobrando sem saber o que fazer, e Marina, como também já imaginava, estava mais entrosada com o resto, afinal, eram os amigos da sala dela. Pouco depois chegou o resto do pessoal (que eram uns quatro) com as bebidas, ou seja, a partir daí, já não sabia mais o que estava fazendo ali.
Eu, como vocês já sabem, não bebo, mais uma coisa que me fez sobrar ali naquele meio. Marina não era muito de beber também, mas de vez em quando ela bebia "socialmente", e claro, aquela foi uma das situações para isso.
O pessoal conversava sobre diversos assunto dos quais não tinha a menor familiaridade para dar qualquer opinião possível, e isso sem falar que mesmo que tentasse, acharia que estaria me "intrometendo".
O que mais me incomodou na verdade, foi o fato de estar do lado de Marina, mas ela parecia que não se esforçava para me incluir no assunto, pode até ser paranoia minha, ou até frescura mesmo, mas era a sensação que eu tinha. Apesar disso, também tinha consciência de que não podia cobrar isso dela, afinal, eu também poderia entrar na conversa tranquilamente, mas ainda assim pra mim isso não era uma coisa fácil, principalmente porque eles falavam de um assunto que não conheço bem, que no caso, era sobre algum evento que eles tinham ido na semana anterior.
Mas, não era apenas isso que me incomodava. Como já foi dito anteriormente, a principal razão de estar ali era porque queria estar perto de Marina, o que eu estava, mas não do jeito que realmente queria, se é que vocês me entendem.
Fato é que não fazia a menor ideia se o pessoal ali sabia do nosso "lance", ou se Marina queria que eles soubessem, tanto que por isso a gente foi mais discreto na presença deles, e nem sequer havia algum sinal vindo dela que ela queria que fosse diferente disso naquele momento, e também não questionei, pois não queria ser chato e nem nada. Mas, claro, aquilo me matava por dentro, mas tentei relevar isso por alguns instantes, mesmo que fosse difícil.
Por estar quieto demais, houve momentos que tanto Marina quanto os outros presentes questionaram o porquê que eu estava quieto. Falei que não era nada, que só achava que não tinha nada a comentar, e era nesses momentos que eles tentavam me incluir na conversa também, o que funcionava apenas momentaneamente, depois tudo voltava para o jeito que estava antes.
Bom, pelo menos houve tentativas.
O pessoal além de ter levado bebidas, também levou algumas coisas para comer, que timidamente aceitei algumas. Foi quando percebi que Marina começou a ficar incomodada com o fato de eu estar quieto demais, tanto que ela perguntou mais uma vez se estava tudo bem comigo, e de novo, confirmei, apesar de ela não engolir.
Foi a partir daí que ela tentou puxar conversa exclusivamente comigo, perguntando sobre como tinha sido meu sábado (podia ter perguntando sobre qualquer outro dia, porque aquele sábado tinha sido o mais puro ócio). Até falei com alguns detalhes, mas realmente não tinha acontecido muita coisa interessante naquele dia, aproveitei pra fazer a mesma pergunta, e ela disse que tinha sido um dia bem puxado no curso e que o clima na casa da avó não ficou muito bom por causa do tio dela que acabou se estressando por causa de um assunto particular que ela não quis comentar, e claro, não forcei a barra.
E enquanto conversávamos, percebi entre os presentes alguns cochichos em nossa direção, o que me incomodava profundamente, se tem uma coisa que sempre odiei é que as pessoas façam cochichos sobre mim pelas minhas costas. No mais, tentei ignorar aquilo. Na verdade, até pensei em comentar sobre aquilo com Marina, mas achei melhor deixar para lá.
Após conversar um com o outro, a coisa voltou para a sua normalidade, ou seja, para a chatice.
Dali pra frente a minha interação com o resto do pessoal voltou para a estaca zero, tirando algumas poucas vezes em que falei algumas coisas não muito relevantes, mas foi apenas isso mesmo. E assim o tempo foi passando (vagarosamente) e aquilo não ficou divertido, eles continuavam falando de coisas das quais não me identificava e ainda sentia como se minha presença ali fosse irrelevante. Isso sem falar quando me dei conta que Marina se divertia bem mais do que eu.
É, realmente não sabia o que estava fazendo ali no fim das contas.
Eram quase quatro e meia da tarde, e eu já começava a considerar em ir para casa, mas ainda não tinha coragem de falar isso pra Marina, que pouco depois, deitou a cabeça em meu ombro e começou a fazer carinho na minha mão, o que me serviu de desculpa para ficar mais um pouco, aquilo tinha me tranquilizado um pouco.
Após mais um tempo e mais umas tentativas de me entrosar, Marina falou:
- Ei Brian, vou ali comprar uma água, tu me acompanha?
- Claro! - falei sem nem pensar duas vezes.
Ela avisou a todos disso e assim fomos, mas não deixei de reparar no pequeno burburinho que fizeram enquanto nos levantávamos, mas dessa vez relevei.
Fomos em direção de um ambulantes que vendia água, ela comprou uma garrafa e me ofereceu um gole, mas eu recusei.
- Brian, me responde uma coisa...
"Lá vai" pensei
- Você ta se divertindo? E seja sincero.
Eu não sabia se seria uma boa ideia falar a verdade, mas resolvi falar assim mesmo.
- Veja... sendo cem por cento sincero... - respirei fundo, e falei - ta foda, não to conseguindo me entrosar com o pessoal e por isso, ta chato.
- É, to percebendo. - disse ela
Não gostei muito do tom em que ela falou aquilo.
- Desculpa, fofa. - falei
- Relaxa, não tem o que desculpar, eu até temi que isso acontecesse.
Após alguns segundos com os dois em silêncio, Marina falou:
- Aliás, eu que te devo desculpa.
- Que isso, você não me deve nada. - falei
- Mas me desculpa, de qualquer forma.
- Já falei, Mari, tem nem o que desculpar. - falei abraçando ela
- Tem sim, além de tudo não te dei muita atenção agora, to me sentindo mal por isso.
- Tudo bem, você tá com seus amigos, é compreensível.
- Muitos no seu lugar não diriam isso.
Isso era verdade.
Aproveitamos o momento, claro, para nos beijarmos, coisa que só tínhamos conseguido fazer quando ela chegou.
- Sabe o que devíamos fazer? - disse ela
- O que?
- Nos afastar um pouco deles, e aproveitar um pouco o tempo sozinhos.
- Mas...
- Já já vai tá todo mundo tão bêbado que não vão sequer reparar na nossa falta. - disse ela antes que eu pudesse falar qualquer coisa.
- Ok então!
Mas, antes de nos afastarmos em definitivo do grupo, aproveitei para perguntar:
- Só me responde uma coisa...
- Diga!
- Eles por acaso sabem do que rola entra a gente?
- Alguns sim e outros não, mas, o que isso importa agora, né?
Apenas concordei com a cabeça e a acompanhei até o outro lado do parque, onde nos sentamos em um banco aproveitando a presença um do outro (entendam como quiserem).
Demoramos ali mais do que imaginava, cheguei até a pensar se os outros estavam se perguntando aonde a gente tinha se metido, ou provavelmente já tinham sacado o que a gente foi fazer, mas isso realmente não me importava. O tempo em que ficamos juntos, para mim, compensou todo aquele tempo em que fiquei no ócio ouvindo a conversa fiada do pessoal, e fez com que aquele dia no fim tivesse valido a pena.
Chegamos a voltar para junto do pessoal, quando voltamos, muitos deram "aquele" olhar para nós, sendo que pouco nos importamos com isso, tanto que estávamos de mãos dadas, finalmente, e então, voltamos a nos juntar a eles, continuando tudo da mesma forma que estava antes. Mas não ficamos muito tempo, eram quase seis da noite e Marina não queria chegar muito tarde em casa, ela decidiu ir naquele momento e eu aproveitei para acompanha-la, decidimos que iríamos rachar um táxi.
Pegamos um logo na entrada do parque (o que não faltava por ali era táxi) e seguimos nosso caminho, iria antes de tudo deixar Marina em casa para depois eu seguir para a minha.
Após o carro dar partida, ela me perguntou:
- O que achou do pessoal?
Então respondi:
- Parecem ser boas pessoas, falo isso com toda sinceridade.
Ela deu uma leve risada e aceitou o que eu tinha dito com um forte abraço.
- Obrigada por vir, e desculpa qualquer coisa.
- Que isso, menina. - respondi também com um forte abraço.
E após alguns selinhos, ela falou:
- Próximo fim de semana, prometo que tiraremos um dia só para nós dois, certo?
- Certíssimo... - respondi
Nos beijamos mais uma vez, e depois perguntei:
- O que tem em mente?
- Bom... Essa é uma boa pergunta...
Ficamos alguns segundos calados pensando em uma resposta, enquanto isso, a noite já tinha caído por completo em Recife, e a lua já brilhava com todas as suas forças.
- Que tal um cinema? - era a coisa mais óbvia que eu conseguia pensar.
- Pode ser! - concordou ela.
E assim foi combinado e selado com um beijo.
Tendo isso tudo sido decidido, pouco depois o táxi deixou Marina em sua casa, eu até tentei me responsabilizar pelo valor da corrida dela, mas ela não deixou, fez questão de pagar a parte dela. Nos despedimos e dali segui em direção a minha casa.

Brian

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Uma conversa com o Brian de 13 anos

Uma coisa que está na moda hoje em dia nas redes sociais são as chamadas "correntes", as do tipo "curta que direi o que acho de você anonimamente", ou coisas do tipo. Mas nesse caso em específica, vi uma que me chamou bastante a atenção, que era "o que você falaria para o 'fulano' de x anos de idade?", no caso, alguém lhe dava uma idade e você falaria o que diria para o "você" daquela idade.
Eu normalmente costumo participar dessas coisas, por mais besta que elas pareçam, ai no caso, a idade que me deram foi 13 anos. E assim, postei em minha linha do tempo o que eu falaria para o Brian de 13 anos de idade.
O que são essas coisas? Vocês descobrirão daqui a pouco.
E o que achei mais interessante nisso tudo foi a quantidade de pessoas que curtiram isso que postei, provavelmente porque se comoveram com o que eu disse.
Por coincidência do destino (ou não), na mesma noite em que fiz essa postagem, acabei tendo um sonho um tanto que peculiar que tinha a ver com o assunto.
Diferente da maioria das histórias que conto aqui que envolvem algum sonho inusitado que tive, dessa vez, fui dormir com a mente tão leve quanto uma pena no meio de uma tempestade chuvosa, exatamente nada me incomodava por dentro naquele momento. Na ocasião, não demorei muito para entrar em sono profundo, eram quase meia-noite e eu estava muito cansado, isso sem falar que cada vez mais meu sono chegava mais cedo do que normalmente chegava (antes, meia-noite para mim era cedo).
Após pegar no sono, passaram-se alguns minutos (não sei dizer ao certo quanto, já que a noção de tempo dos sonhos é muito diferente da realidade), até que de repente, eu me encontrava no meio de um pátio, mas não de um pátio qualquer, aquele era um local que conhecia bem, aliás, muito bem.
Aquele era o pátio do meu terceiro colégio (dos 4 em que estudei antes de ir para a faculdade), sendo esse o qual onde tive os piores anos da minha vida por conta de questões de bullying (e também outros fatores, fossem eles escolares ou não).
O local se encontrava vazio no momento, o que para mim era estranho, já que era acostumado a ver aquele lugar cheio de crianças e adolescentes, e ao mesmo tempo aquilo era um pouco assustador, já que lugares vazios costumam a ser sinistros, independente da hora do dia.
Comecei a andar um pouco por ali a procura de alguma alma penada, aliás, ainda estava tentando achar um significado para aquilo. Mas realmente o local estava completamente deserto, parecia até que tinha sido abandonado por conta de uma catástrofe nuclear. Ao poucos andava pelo pátio e via o playground, a piscina, a quadra, o campo de futebol, o prédio, os corredores, e etc.
Quanto mais andava, mais tinha certeza de que não havia ninguém ali, a única coisa que ouvia era o som do vento batendo nas folhas das árvores.
Mais a frente, encontrei a cantina do colégio, que claro, estava vazia, mas por incrível que pareça, as suas barracas estavam abertas e com comida dentro. E logo ao lado, via-se o ginásio.
Adentrei na cantina e fiquei olhando barraca por barraca na esperança de encontrar alguma coisa interessante, e com isso, fui lembrando das vezes em que enfrentava longas filas para comprar um lanche por ali.
Após dar uma volta pelo local, passei pela barraca de churros e comecei a rir por conta da lembrança que tive de Roger (o único amigo que tive naquele inferno) quando ele teve a proeza de deixar uma nota de dois reais cair dentro do óleo de fritura da barraca, o que o deu uma bela dor de cabeça naquele dia. Ria bastante disso, até que de repente...
- Brian! - Ouvi uma voz gritar atrás de mim
Claro, tomei um puta susto na hora, antes disso tinha certeza de que estava sozinho por ali.
Olhei para trás assustado, e vi que não era ninguém mais, ninguém menos do que a minha consciência ali sentado em uma das mesas comendo um sanduíche.
- Tu brotou do inferno, foi? - perguntei - não te vi chegar.
- Posso até ter "brotado", como você diz... - falou minha consciência - mas foi de qualquer canto, menos do inferno, isso te garanto. - completou dando mais uma mordida no sanduíche. - aliás, por favor, sente-se!
E assim o fiz.
Após me sentar, ficamos ali por alguns minutos simplesmente olhando para a cara um do outro, quer dizer, pelo menos eu olhava para a cara dele, já minha consciência estava ocupado demais se deliciando com o seu hambúrguer double cheedar, e isso estava me fazendo perder a paciência.
- Você vai realmente me fazer perguntar? - falei
Minha consciência engoliu o pedaço que tinha mordido, e disse:
- Engraçado, Brian, já faz um tempo desde que começamos a nos falar, e ainda assim você parece que não se acostumou com o jeito que as coisas funcionam comigo.
- To cagando e andando para isso, só quero explicações claras do porquê que estou aqui.
- Calma, você está muito nervoso, deixe eu terminar de comer pelo menos. - falou ele dando um sorrisinho
Aquele senso de humor chato dele me irritava profundamente, e ele sabia disso, tanto que era por isso que ainda fazia essas coisas, ele se divertia quando me via tendo vontade de pular em seu pescoço nessas horas.
Esperei (não muito pacientemente) ele terminar o seu lanchinho, o que até que foi rápido, e quando assim o fez, ele falou:
- Double cheedar é realmente uma invenção dos deuses.
Então eu disse impaciente:
- É, realmente, mas agora podemos ir logo para o que interessa?
- Brian, Brian, tenho fé que um dia você vai melhorar essa sua paciência.
Simplesmente ignorei aquilo que ele disse.
- Bom... - falou minha consciência - antes de tudo me responda uma coisa... - o ouvi atentamente - sabe as vezes que você sabe que sonhou com algo, mas no momento em que acorda, não lembra com o que foi?
- Sim, sei... - respondi - mas o que isso tem a ver com o que vim fazer aqui?
- Calma, cara, deixe de sua agonia. - suplicou minha consciência.
- Desculpe! - falei
Minha consciência ficou surpreso com o fato de eu ter me desculpado, não era uma coisa muito comum de acontecer.
- Tudo bem! - falou ele um pouco desconfiado.
Então continuou:
- E sim, essa pergunta tem tudo a ver com o que você veio fazer aqui.
Dessa vez esperei ele concluir antes de falar qualquer coisa.
- Pois, sabe a postagem que você fez hoje sobre "o que você falaria para o Brian de 13 anos"?
- Sim! - respondi
- Você está prestes a concretizar isso.
Fiquei surpreso com aquilo, e perguntei:
- Como assim?
Então minha consciência se levantou, e disse:
- Me acompanhe.
Sendo assim, me levantei junto com ele, e me surpreendi porque não foi preciso caminhar para nenhum local do colégio. Minha consciência tinha acabado de nos teletransportar para a arquibancada do ginásio, e lá dentro, algumas fileiras mais a frente, se encontrava sentado um garoto, que aparentava estar bastante triste com alguma coisa, apesar de não chegar a chorar. Foi então que falei:
- Por acaso, aquele garotinho sentado é...
- Sim, é você com 13 anos! - respondeu minha consciência antes que eu tivesse a chance de completar a frase.
Eu estava sem palavras no momento, como já não fosse estranho o suficiente falar com uma pessoa que se utilizava da minha fisionomia e aparência (minha consciência), agora estava olhando para mim mesmo 8 anos mais jovem.
- Pode parecer uma pergunta meio besta, mas, o que aconteceu para ele estar triste desse jeito?
- Você não lembra? - perguntou minha consciência
- Refresque minha memória.
- Você é esperto, vai se lembrar.
- Sério mesmo que você vai fazer isso comigo agora? - questionei
Minha consciência suspirou fundo, e disse:
- Tá bom, lhe darei uma simples dica então... - eu o ouvia atentamente - lembra quando há 8 anos atrás você teve aquele problema com um babaca que vivia enchendo seu saco da ali na quadra? Onde vocês dois acabaram saindo na porrada?
Pensei um pouquinho, e lembrei.
- Sim!
- Pronto, foi exatamente depois disso.
Me lembrava muito bem daquele dia, infelizmente.
- Mas cara, me responde uma coisa... - falei
- Diga!
- Quando eu tinha 13 anos, eu tive esse conversa que provavelmente terei com ele, né?
- Tá vendo? Eu disse que você é um cara esperto.
Esperei ele falar mais algo, mas como não veio, continuei:
- Então, se eu não lembro que tive essa conversa, ele também não irá lembrar, certo?
- Certo!
- Então, do que servirá isso exatamente, se ele vai esquecer isso a partir do momento em que acordar?
Então minha consciência respondeu:
- Acredite se quiser, isso o trará tranquilidade e ele acordará com a mente mais leve, mesmo não lembrando de nada.
Ainda não estava muito convencido de que aquilo seria útil em algo.
- Mas, o que eu poderia falar pra ele?
- Ué, você não fez a tal postagem lá? Então você sabe muito bem o que dizer. - falou ele - mas, só um aviso básico.
- O que?
- Fale do futuro dele de forma indireta, ou seja, não dê nenhum "spoiler" do que irá acontecer na vida dele nos próximos anos.
- Mas ele não vai esquecer de que tivemos essa conversa?
- Sim, mas mesmo assim, não é bom correr o risco, se ocorrer dele se lembrar disso e você contar algo do tipo para ele, o coitado pode enlouquecer.
Respirei fundo, e então disse:
- Ok então, vou lá.
Minha consciência não falou mais nada, apenas ficou observando.
Enquanto me aproximava no "mini-Brian", reparei com o fato que mesmo eu e minha consciência estando ali há alguns minutos conversando, ele pareceu não reparar na nossa presença. E outro detalhe curioso que percebi foi o local onde eles estava sentado na arquibancada, que era o local exato onde havia acontecido o meu primeiro beijo da vida com ma garota que eu gostava na época, exatamente quando tinha 13 anos.
Realmente, aquele era o melhor cenário para alguém tentar esquecer os problemas, o exato local onde teve uma das melhores lembranças de sua vida.
- Oi garotinho! - falei quando me aproximei o suficiente.
Ele olhou para mim assustado, e disse:
- Oi... - em um tom um pouco desconfiado.
E tenho que confessar, era muito estranho eu estar olhando nos meus próprios olhos com 13 anos.
- Tudo bem com você? - perguntei mesmo sabendo a resposta
- Não sei, acho que não. - provavelmente ele ainda não confiava em mim.
- Posso me sentar aí com você?
- Fica a vontade.
E assim o fiz.
Ficamos alguns segundos falando absolutamente nada, eu olhava pro garoto, e ele olhava apenas para o chão, uma mania que sempre tive quando tinha vergonha de olhar nos olhos de alguém que não conhecia.
De qualquer forma, também não queria forçar a barra, aliás, se tinha alguém que sabia muito bem o que se passava na cabeça daquele garotinha era eu.
- Desculpe perguntar, mas, eu te conheço de algum lugar? Porque seu rosto me é muito familiar. - disse ele olhando para mim finalmente.
Me segurei para não rir daquilo, mas que a situação era muito engraçada, isso era.
- Olhe um pouco melhor. - respondi
E assim ele fez, mas ainda com um ar de confuso.
- Ainda não consigo lembrar.
Eu respirei fundo, e disse:
- Olhe os seus traços, e depois olhe os meus.
Ele pegou o seu celular e se olhou no reflexo da tela, e após isso, olhou para mim comparando consigo mesmo.
- Você é muito parecido comigo.
Dessa vez não consegui segurar o riso.
- Vai parecer um pouco assustador quando eu falar, mas, eu sou você daqui a 8 anos.
Ele ficou surpreso após eu falar isso.
- Mas, como assim? O que tá acontecendo? Que porra é essa?
(Sim, desde essa idade eu já era boca suja)
- Caso não tenha percebido ainda, você está sonhando. - falei
- Ah... - falou ele - agora tudo faz sentido.
Mais uma vez, eu ri da situação.
- Então... - continuou ele - se você sou eu com... - Ele deu uma rápida parada para fazer as contas, típico de mim - 21 anos, me responde uma coisa... - já imaginava o que ele iria perguntar - eu reprovei alguma vez no colégio até aí? Que faculdade vou fazer no fim das contas? Finalmente tive uma namorada? Eu vou sair desse inferno de colégio?
Quando ele finalmente parou de falar, respondi:
- Essas são perguntas as quais eu não estou autorizado a lhe responder.
- Por que? - perguntou o mini-Brian decepcionado.
- Ordens superiores. - falei apontando para a minha consciência que apenas nos observava de trás da gente.
Ao que pareceu, diferente de mim naquela hora, o mini-Brian não via mais ninguém ali além de nós dois, mas provavelmente preferiu ficar calado em relação a isso.
- Há algo que você possa me dizer? - perguntou o garotinho
- Sim, há... - respondi - mas algumas delas podem não ser muito agradáveis.
- Sou todo ouvidos.
Respirei fundo, e falei:
- Antes de tudo, digo para você não se preocupar muito com coisas bestas, pois és ainda muito novo, e vá por mim, as dificuldades que você enfrentará agora são fichinhas perto das que você vai encontrar lá na frente... - ele apenas me ouvia atentamente - outra coisa que quero lhe dizer, é para você sempre ter seus estudos em foco, porque sério, seus pais estão certos quando dizem que essa é a sua única obrigação no momento.
Definitivamente, nunca me imaginei falando aquilo pra alguém, ainda mais sendo algo de que sempre reclamei.
- Você é muito inocente, e infelizmente hoje em dia isso é muito mais um defeito do que uma virtude, por isso, tome cuidado, porque muitos vão tentar se aproveitar da sua inocência para te fazer de otário. - dei uma leve suspirada, e continuei - Sobre esses babacas que você costuma chamar de amigos, minha dica é que você se afaste deles, porque na real, nenhum deles liga para você, eu sei que é duro ouvir isso, mas é a verdade.
- Mas, eu não tenho amigos por aqui, e eu não gostar de ficar por aí sozinho.
Nessa hora me deu um aperto no peito ao ouvir aquilo, isso me trouxe lembranças não muito boas.
- Eu sei, infelizmente eu sei. - falei fazendo um cafuné em sua cabeça - sei que pedir isso para você é difícil, sei que você é uma pessoa companheira, mas gaste essa sua virtude com quem realmente merece, porque caso contrário isso, só lhe fará mal.
Ele não parecia muito feliz em ouvir aquilo.
- E sobre os outros babacas que enchem seu saco sempre, incluindo o que você brigou hoje, apenas tente os ignorá-los, porque não vale a pena você gastar suas energias com idiotas do tipo, eles são apenas pessoas dignas de pena que precisam humilhar os outros para se sentirem melhor. - meus olhos começaram a ficar molhados após isso - E outra, saiba o seu valor, tenha amor-próprio, você não é esse bosta que esses filhos da puta dizem que você é, és melhor do que isso, muito melhor!
Nessa hora não consegui mais segurar as lágrimas, e percebi que o mini-Brian também não.
- E claro, seja você mesmo SEMPRE, não mude por NINGUÉM, pois aqueles que gostarem de você e forem seu amigo, o farão pelo que você é, e não pelo que os outros querem que você seja.
O Brian de 13 anos fazia todo esforço do mundo para não cair aos prantos, e provavelmente por isso me perguntou:
- Você tem alguma notícia boa para me dar?
Enxuguei as lágrimas do rosto, e disse:
- Sim, tenho... - suspirei, e falei - Mas antes disso, quero que você se prepare para outra má notícia que irei te dar.
- Manda!
- Você passará agora pelos anos mais conturbados da sua vida, e certamente os mais difíceis, onde você irá se sentir triste, sozinho e com a sensação de não poder contar com ninguém para se sentir melhor... - de novo, as lágrimas insistiam em cair dos meus olhos - mas a boa notícia é que, pode até demorar para acontecer, mas as coisas irão melhorar para você, os piores anos da sua vida serão recompensados com os melhores, e você finalmente irá se sentir bem consigo mesmo e com as pessoas ao seu redor, aliás, finalmente terás a companhia de bons amigos que merecem receber todas as suas virtudes.
O Brian de 13 anos agora sorria para mim, aquilo que falei provavelmente tinha o confortado um pouco.
- E lembre-se... - continuei - haverá um momento em sua vida que receberás a chance de recomeçar do zero e traçar um destino melhor para você mesmo, e quando essa oportunidade aparecer, a agarre com todas as forças e não a deixe passar.
O mini-Brian me olhou nos olhos e disse ainda com algumas lágrimas no rosto:
- Sim, pode deixar!
Ele me deu um grande sorriso, e eu o retribuí com um abraço, que não durou muito, já que pouco depois ele simplesmente desapareceu nos meus braços.
- Suponho que ele acabou de acordar, certo? - perguntei para a minha consciência.
- Exatamente! - falou ele se aproximando de mim.
Até que de repente, todo o cenário em que estávamos começou a tremer.
- E pelo visto, é hora de você acordar também. - falou minha consciência
Após alguns segundos, quando ele começou a se afastar de mim, eu gritei:
- ESPERA!
Ele parou, olhou para mim e perguntou:
- Pois não? - enquanto isso, o cenário continuava tremendo.
- Essa foi a única vez que conversei com um "eu" mais velho, ou houveram outras?
E como era de se esperar, ele simplesmente respondeu:
- Você saberá em breve!
Após isso, aquela cena tinha simplesmente desaparecido diante dos meus olhos, e eu tinha acabado de acordar em minha cama, com o Riddle lambendo minha cara.
- Riddle, por favor... - falei o colocando no chão.
Peguei o celular que estava ao lado da minha cama, e olhei a hora, eram exatos sete e meia da manhã, sendo assim não tardei para me levantar, já que tinha algumas coisas para fazer, e por isso, procurei não pensar muito naquilo que tinha acabado de sonhar, embora fosse difícil.

Brian