quinta-feira, 9 de junho de 2016

Uma noite para não esquecer - Parte I - O chato começo

Acreditem se quiser, mesmo depois de já ter tido de experiência que provava que isso não é minha praia, meus amigos me convenceram mais uma vez para ir em mais uma dessas festas de pub's da vida.
Por que aceitei? Não sei ao certo, provavelmente porque eles torraram meu saco pra isso, ou então, porque eu não tinha mais nada de melhor pra fazer no dia. Mas também podia ser que eu quisesse simplesmente esquecer um pouco os problemas e tentar me divertir um pouco, apesar que dificilmente me divertia nesses ambientes, de qualquer forma, estava disposto para tentar de novo.
A festa em questão tinha uma temática, como ela aconteceria no sábado anterior ao dia dos namorados, certamente a temática seria essa. Mas sério, na moral mesmo, isso para mim não influenciou em nada, e sinceramente, não estava indo nesse evento com o intuito de "pegar" alguma mina, juro que essa era uma das minhas últimas motivações para ir (que não eram tantas assim, pra falar a verdade), principalmente depois das últimas dores de cabeça que tive relacionados ao assunto que relatei aqui em histórias anteriores, então, o que mais queria é um pouco de distância desse assunto.
Mas enfim, o local em questão era uma daquelas pub's que tinha no centro da cidade, iam comigo Lúcia, Liam (namorado de Lúcia), Rafael, Duda (namorada de Rafael) e Lucas. A festa começaria lá por dez da noite, ou seja, ainda teria muito tempo para perder naquele sábado, tanto que por isso nós nos reunimos na casa de Lúcia naquela tarde para aproveitar um pouco o tempo juntos, afinal, aquela também era a nossa primeira semana de férias.
Durante aquela tarde toda, jogamos conversa fora, jogamos alguns jogos, alguns beberam umas latas de cerveja (eu não) e pedimos duas pizzas para todos, isso até mais ou menos cinco da tarde, após isso, alguns ainda foram se arrumar para apenas de quinze para as sete a gente ir para a parada de ônibus em direção da pub.
Chegamos por lá umas oito e meia, o caminho era longo e o trânsito também não ajudou muito, mas de qualquer forma, ainda era cedo por conta do horário que o evento começaria, mas de qualquer forma, eu e Lucas ainda tínhamos que comprar nossas entradas, podíamos ter comprado mais barato antecipadamente, mas acabamos decidindo ir apenas de última hora.
De qualquer forma, ainda tivemos que esperar um pouco, porque a bilheteria era dentro do local e só seria aberta no mesmo horário de abertura da casa, então, com isso fomos dar umas voltas pelas ruas do centro, que estavam bem movimentadas (claro, era um sábado a noite).
Quando deu próximo de nove e meia da noite, a gente voltou para a frente do local para aguardar a abertura dos portões. Chegando lá, já víamos uma fila ainda pequena começando a ser formada, e assim nos juntamos a ela.
Enquanto isso, continuamos jogando conversa fora, eu ouvia meus amigos atentamente até um certo momento quando reparei na chegada de uma pessoa que mudaria o rumo daquela minha noite, e vocês entenderão o porquê.
Lembram da tal garota com as mechas azuis que falei algumas histórias atrás? A Marina? Pois bem, ela tinha acabado de descer de um carro que parou na frente do local, e estava acompanhada por duas amigas.
Claro, Lúcia também tinha reparado na presença dela, e na mesma hora começou a olhar como se estivesse dizendo "olho só quem está aqui", mas sem falar nada.
Quando Marina passou por mim, apenas agi normalmente, afinal, não havia razão pra eu ficar nervoso, a gente nunca nem sequer conversou direito, mas de uma forma ou de outra a beleza dela me encantava.
Depois disso, voltei a jogar conversa fora com o pessoal, até que quando finalmente deu dez da noite, os portões finalmente foram abertos, Lúcia, Liam, Rafael e Duda logo entraram por já terem os seus ingressos em mão, enquanto eu e Lucas fomos comprar os nossos.
Quando finalmente entramos, nos juntamos aos outro e circulamos um pouco pelo local. Eu e Lucas já tínhamos ido lá em uma ocasião anterior, mas para o resto era a primeira vez dele lá, então, tudo aquilo era uma novidade.
Depois, paramos no balcão e começamos a olhar as opções de bebidas que havia, quer dizer, eles olharam, porque só os preços das coisas lá me assustavam bastante, uma garrafa d'água custava cinco reais, e se antes já não pretendia beber nada que contivesse álcool, ver os valores foi só mais um incentivo pra isso, uma dose de vodka por exemplo, custava sete reais.
"Ainda bem que já tomei duas garrafas d'água lá fora" pensei. Garrafas essas que me custaram dois reais.
Enquanto o pessoal bebia e conversava um pouco, aproveitei para observar a movimentação. Aos poucos, o fluxo de pessoas ia aumentando, afinal a festa só estava começando e provavelmente muitos ainda iam chegar mais tarde. E como vocês podem imaginar, meus olhos procuravam por uma pessoa em específico, e vocês imaginam bem quem seja.
Após alguns segundos procurando, avistei Marina subindo pro andar de cima (onde me encontrava naquele momento), ela e as amigas pareciam também estar explorando o local pela primeira vez. Houve um momento em que elas passaram por mim, mas nessa hora me fiz de desentendido para não deixar tão na cara de que estava observando elas.
Nessa hora, Lúcia e Lucas perceberam o que eu estava fazendo, e mais uma vez me deram aquele olhar de "sei bem pra quem você está olhando, hein?" e eu apenas me fiz de desentendido sem falar mais nada.
Depois disso, finalmente descemos para a pista de dança onde eles foram descer, e eu, tentei fazer o mesmo, mas até agora não identifiquei o que caralhos fiz lá embaixo, mas "dançar" com certeza não era.
Durante isso, no meio da pista avistei mais uma vez Marina e suas amigas dançando por ali, quer dizer, as duas meninas que estavam com ela pareciam estar se divertindo bastante, mas ela em si parecia um pouco acanhada e tentava apenas fazer alguns movimentos que lembrassem uma dança. Uma de suas amigas percebeu isso e meio que começou a tentar ensina-la a dançar melhor, no meio disso ela provavelmente achou aquilo engraçado e começou a sorrir, e cá entre nós, o sorriso dela é simplesmente lindo.
Enquanto estava devaneando por conta de Marina, Lucas me chamou a atenção:
- Brian? - falou ele gritando (o som estava muito alto, certamente)
- Oi? - falei
- Tas olhando o que? - perguntou ele
Pensei até em dizer a verdade, mas desisti e respondi:
- Nada não!
Ele não questionou.
- Olha, tem aquela tinta que brilha ali, a gente vai pintar o rosto com ela, quer também?
Então respondi:
- Eu acompanho vocês, mas não quero passar esse treco na cara não.
- Ok então.
Nessa hora eu pensei, "porra, pareci um velho resmungão falando agora".
Todos eles pintaram a cara com aquela tinta, e eu fui o único chato do grupo que não quis fazer aquilo, mas realmente não estava me importando com aquilo no momento. Depois de todos eles estarem com a cara pintada, voltamos para a pista de dança, e no caminho passei mais uma vez por Marina, sendo que dessa vez com um diferencial, nossos olhares se cruzaram.
No meio da pista, além de tentarmos dançar novamente, Lúcia ficou tirando inúmeras selfies nossas, isso sem falar dos fotógrafos da festa que de vez em quando tiravam fotos nossas também.
Como já tinha dito mais atrás, a temática da festa era do dia dos namorados, e por isso vez ou outra eram distribuídas algumas rosas entre o pessoal, isso servindo de incentivo para alguns chegarem em alguma garota ou garoto. E antes que me perguntem, não, não peguei nenhuma, porque como já tinha dito anteriormente, eu não estava afim de me envolver com nenhuma garota naquela noite (e a partir disso comecei a me perguntar o que raios tinha ido fazer ali).
Rafael e Liam aproveitaram e pegaram uma rosa para as suas respectivas namoradas, e Lucas também pegou uma e deu pra uma garota que tinha meio que puxado ele pra dançar. Em resumo, todos naqueles momento tinham um casal, menos eu, mas juro pra vocês que não estava me importando nem um pouco com aquilo.
Vendo que estava sobrando ali, fui simplesmente me encostar no balcão enquanto eles se divertiam, até pensei em pedir algo pra beber, sendo que mais uma vez a minha pirangagem falou mais alto. Durante isso fiquei apenas vendo a movimentação e pensando comigo mesmo as razões que me fizeram ir pra aquela festa, e ainda assim não encontrava uma boa.
"Porra, eu podia ta em casa dormindo, vendo série, jogando, vendo filme, ou sei lá", e ainda tinha pago 60 reais só pra está ali, definitivamente, tudo indicava que eu tinha entrado num programa de índio.
"To ficando velho e chato, na moral" pensei comigo mesmo rindo disso.
De uma forma ou de outra, se o plano era ter ido lá pra me divertir, ele estava dando miseravelmente errado.
Um tempo depois, o pessoal veio em minha direção (com exceção de Lucas que estava bem ocupado nessa hora, se é que vocês me entendem).
- Você está aí... - falou Lúcia - você sumiu de repente.
- É que vocês todos estavam ocupados e eu não estava fazendo nada ali no meio, então vim me encostar um pouco. - respondi
- Aliás, cadê Lucas? - perguntou Rafael
Apontei o dedo para a pista, e todos viram ele ainda dançando com a tal garota, e ao que parecia estava rolando um clima entre os dois.
- Quem é aquela? - perguntou Lúcia
- Não faço a menor ideia. - respondi
Ninguém falou mais nada depois, principalmente porque estava tudo tão claro quanto o raiar do sol.
- Vamos subir, pessoal? - perguntou Lúcia
- Bora! - responderam todos
- Vamos deixar Lucas se resolver aí com a "boyzinha" dele. - completou ela rindo
Enquanto andávamos, dei uma leve olhada para trás pra ver se encontrava aquela pessoa de novo, mas dessa vez foi sem sucesso.
Quando subimos, a primeira coisa que o pessoal fez foi comprar mais bebida (certamente), e eu, pra variar, só observei. Após isso, Rafael sugeriu que sentássemos um pouco, e assim a gente fez.
Mesmo enquanto conversávamos, eu ainda parecia um pouco "avoado", olhava constantemente para os lados meio que na esperança que aquela pessoa passasse, e foi assim que parei e pensei.
"Caralho, bicho, vocês dois nunca se falaram direito, fica de boa."
Os outros pareciam não reparar, mas Lúcia percebia claramente a minha inquietação.
- Brian? - chamou ela
- Oi! - respondi
- Tá tudo bem?
- Sim, porque não estaria? - percebia-se na minha voz que eu estava mentindo.
- To achando você tão quieto.
- Ah, não é nada demais, só não tenho o que falar mesmo.
- Sei... - falou ela me soltando aquele olhar mais uma vez.
Com isso, voltei minhas atenções de volta para o pessoal, tentava interagir mais, mas não conseguia. Tipo, sério, eu não estava me divertindo nem um pouco ali.
Enquanto isso, Lucas ainda estava lá embaixo com aquela garota. "A coisa deve ta boa" pensei.
Nesse meio tempo, avistamos a mesa de sinuca que tinha ali vazia, então decidimos ir lá jogar. Pra mim poderia ser até bom, já que seria algo para que eu pudesse me divertir um pouco naquele ambiente que não me agradava nem um pouco.
Mas no fim, parecia que nem aquilo estava me entretendo, dava umas tacadas ou outras na maior má vontade possível, até que chegou o momento em que simplesmente deixei o taco de lado e me sentei no sofá que tinha perto da mesa.
De início todos estranharam eu ter desistido de jogar tão repentinamente, mas depois deixaram para lá e continuaram, apesar que percebia já que Lúcia estava inquieta por conta de mim, ela sabia que algo estava errado comigo, mas de qualquer forma, ela voltou sua atenção pro jogo.
Nesse instante reparei que eu era o único desanimado no recinto, normalmente nessa hora começaria a me preocupar com o que os outros ao meu redor estaria pensando de mim nesse momento, mas meu estado de espírito estava tão escroto que realmente não estava me importando com isso, o que é uma coisa boa, dada a ocasião.
Minha mente só se focava nisso, até que adivinha quem apareceu? Exato, Marina!
Ela e as amigas subiram e ficaram perto do balcão, certamente iriam comprar algo para beber. Percebi enquanto isso, que as duas meninas que estavam com Marina também tinham colocado aquela tinta na cara, mas ela pelo visto também não quis, era a única com a cara limpa.
Pelo seu olhar, Marina também parecia um pouco deslocada das outras, como se ela não quisesse estar realmente ali, ou seja, parecia passar pela mesma situação que eu estava passando. Enquanto observava o que ela e sua amigas faziam, meio que percebi Lúcia olhando para mim como se estivesse percebendo o que eu estava fazendo, e com certeza ela já tinha sacado para quem eu olhava, mas de início não se envolveu e continuou jogando.
Pouco depois, percebi que Marina e suas amigas estavam olhando na direção da mesa de sinuca, quando reparei, tentei disfarçar o fato que estava olhando para elas no mesmo instante e comecei a agir como se estivesse fazendo outra coisa. Ao que parecia, elas estavam afim de jogar, ou seja, provavelmente viriam se juntar a nós.
E foi o que de fato acontecei, elas vieram para mesa e falaram alguma coisa com Rafael e Duda, provavelmente pedindo para jogarem também, Marina e Lúcia também aproveitaram a oportunidade para se cumprimentarem (elas se conheciam, mas não era tão amigas assim). Mas, ao que parecia, Marina não estava muito lá interessada em jogar e apenas se sentou no sofá que tinha no lado em que ela estava. Nesse mesmo instante Lúcia tinha desistido de jogar, entregou o seu taco para uma das garotas e veio sentar do meu lado.
- E aí, Brian? - perguntou ela após se acomodar.
- E aí? - falei sem saber o que responder.
- O que está achando da festa?
Respirei fundo, e disse:
- Quer que eu seja sincero?
- Sim! - respondeu Lúcia
- To aqui com uma animação equivalente a de um urso hibernando.
Ela riu com a comparação que fiz, e perguntou:
- Tá tão ruim assim?
- Eu não diria que tá ruim, eu que não tô no clima... - falei - aliás, sinceramente não sei o que vim fazer aqui.
- Não fale assim, pelo menos você ta com a gente.
Fiz uma cara de aceitação para essa resposta dela. Depois de alguns segundos calados olhando para o chão, Lúcia falou:
- De qualquer forma, você podia aproveitar que está aqui e arrumar uma "boyzinha" pra você, Lucas mesmo tá ai se divertindo com uma.
- Talvez... - falei - vou parecer um velho chato falando agora, mas é que depois dos últimos acontecimentos da minha vida, nem estou tão interessado em procurar uma garota para me envolver seja la de que forma, tanto que se não conseguir ninguém hoje para mim nem fará diferença.
- Não é isso que tenho observado em você.
- Como assim?
- Vai, não fica me enrolando, já percebi que desde que chegamos aqui você tem estado de olho em uma pessoa, e você sabe muito bem de quem estou falando. - disse ela direcionando o olhar para Marina, que estava sentada logo ali.
- Nessa você me pegou. - seria cara de pau da minha parte negar o óbvio.
- Sabia!
Realmente, tinha horas que as coisas que sentia ficavam estampadas na minha testa para todos verem.
- Agora... - continuou ela - você não vai lá falar com ela por que...?
Antes de eu falar qualquer coisa, ela disse:
- E não me venha com essa de que é porque vocês nunca conversaram direito, a gente tá numa festa, não tem ocasião melhor pra você tomar uma iniciativa pra isso.
Por incrível que pareça, dessa vez eu não rebati com nenhuma desculpa esfarrapada.
- É, você está certa. - falei
- Nossa, você dizendo isso? - falou Lúcia surpresa - não esperava por essa.
Eu ri, e disse:
- Nem eu, sinceramente... - depois continuei - deve ser porque nesse momento estou no meu modo "foda-se".
- Isso é bom?
- Em partes, sim... - falei - tipo, se essa minha investida der errado eu nem sequer vou me importar.
- Que bom, eu acho.
A gente riu por alguns segundos, até Lúcia falar:
- Uma dica, aproveita essas rosas que estão distribuindo e entrega uma pra ela, já te dará alguns pontos, aliás... - ela pegou uma das rosas que estava no amontoado de coisas do pessoal que estava no sofá, e continuou - eu tinha pego essa pra Liam, mas como ele já me entregou uma, então usa ela pra chegar em Marina.
Eu realmente estava com o "foda-se" ligado, porque naquele momento nem sequer coagitei em recuar. "Esse realmente sou eu?" pensei.
- Ok então!
- É assim que se fala... - disse Lúcia - agora vai lá e boa sorte.
- Valeu! - falei me levantando e indo em direção a Marina.
Acho que podemos dizer que esse foi um dia histórico na minha vida, porque finalmente tinha tomado a atitude de chegar numa menina sem ficar com muita frescura ou desculpa esfarrapada para não fazer isso, mas de qualquer forma, ficava aquele frio na barriga por conta da expectativa que se realmente daria em algo.
E assim fui na fé...



(Continua... )

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